segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Bíblia que Jesus lia

Torah
Quando lemos o Antigo Testamento, lemos a Bíblia que Jesus lia e usava. Ali estão as orações que ele fazia, os poemas que memorizava, os cânticos que cantava, as histórias que ouvia na hora de ir dormir, as profecias que ponderava. Ele venerava cada “i ou til” das escrituras hebraicas.

Quanto mais compreendemos o Antigo Testamento, tanto mais compreendemos Jesus.
Martinho Lutero disse que “o Antigo Testamento é uma carta testamental de Cristo, que ele fez abrir após sua morte e fez proclamar por toda parte por meio do evangelho”.

Numa comovente passagem de seu evangelho, Lucas conta da aparição espontânea de Jesus ao lado de dois discípulos no caminho de Emaús. Embora rumores sobre a ressurreição estivessem se espalhando rapidamente, estava claro que esses dois ainda não acreditavam nisso, como Jesus pôde constatar olhando dentro de seus olhos desanimados. Fazendo uma espécie de brincadeira, Jesus os fez repetir a história de tudo o que havia acontecido com esse homem chamado Jesus durante os últimos dias – eles ainda não o haviam reconhecido. Depois os censurou:

“Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram” Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?” E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.
Lucas 24:25-27


Hoje em dia nós precisamos de uma experiência do “caminho de Emaús” ao contrário. Os discípulos conheciam Moisés e os Profetas, mas não podiam imaginar como relacionar-se com Jesus, o Cristo.

A Igreja moderna conhece Jesus Cristo, mas está rapidamente perdendo todos os contatos com Moisés e os Profetas.

A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
primavera 2013

Referências:
· Bíblia Sagrada
· A Bíblia que Jesus lia, Philip Yancey

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Por trás das cortinas

Uma confrontação com o recolhimento de Deus pode ser muito desorientadora. Ela pode nos tentar a ver Deus como o inimigo e a interpretar seu recolhimento como falta de interesse.

Um incidente na vida do profeta Daniel ilustra esse caso. Ele teve uma ligeira – ligeira comparada com a de Jó – confrontação com o recolhimento de Deus. Ele se debatia com um problema diário de oração não atendida: por que Deus ignorava seus pedidos insistentes? Durante 21 dias Daniel se dedicou à oração. Ele ficou pesaroso. Renunciou comidas finas. Jurou não comer carne nem beber vinho e deixou de usar loções em seu corpo. E o tempo inteiro clamou a Deus, mas não recebeu nenhuma resposta.

Um dia obteve muito mais do que esperava. Um ser sobrenatural, com olhos flamejantes como tochas e um rosto como um relâmpago, de repente apareceu a seu lado na margem de um rio. Os companheiros de Daniel fugiram aterrados. Quando ele tentou falar com o ser deslumbrante, mal conseguia respirar.

O visitante explicou a razão de seu longo atraso. Ele fora enviado para atender exatamente à primeira oração de Daniel, mas teve de enfrentar forte resistência do “príncipe do reino da Pérsia”. Finalmente, depois de um impasse de três semanas, chegaram reforços, e Miguel, um dos principais anjos, ajudou-o a abrir caminho através da oposição.

Não vou tentar interpretar esta assombrosa cena do Universo em guerra, exceto para mostrar um paralelo com Jó. Como Jó, Daniel desempenhou um papel decisivo na guerra entre as forças cósmicas do bem e do mal, embora boa parte da ação tenha acontecido fora do alcance da sua visão. Para ele, a oração talvez tenha parecido fútil e Deus indiferente; mas um olhar rápido “atrás das cortinas” revela exatamente o contrário. A perspectiva limitada de Daniel, como a de Jó, distorceu a realidade.

O quadro total, tendo o Universo como pano de fundo, inclui muita atividade que nós nuca vemos. Quando nos agarramos com obstinação a Deus em tempos de dificuldades, ou quando simplesmente oramos, mais – muito mais – do que sonhamos pode estar envolvido. É preciso ter fé para acreditar nisso, e fé para confiar que nunca somos abandonados, por mais distante que Deus pareça estar.

A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
primavera 2013

Referências:
• Bíblia Sagrada
Daniel 10:1-21
• Sinais da Graça – Philip Yancey

domingo, 13 de outubro de 2013

Procurando respostas

Todos têm um sentimento inato de justiça. Ao presenciar um ato de crueldade cometido por outra pessoa, sobe-nos o sangue e a sensação de que ela não pode sair impune. Podemos discordar acerca de regras específicas de justiça, mas todos seguimos algum código interior. É a fome e sede de justiça, como diz Jesus aos que são dele.

E, sinceramente, muitas vezes a vida parece injusta. Qual criança “merece” crescer em favelas ou outros lugares pobres em qualquer parte do mundo? Por que gente como Hitler e Saddam Hussein deveria sair impune depois de tiranizar milhões de pessoas? Por que algumas pessoas bondosas e gentis morrem na flor da idade, enquanto outras, mais mesquinhas, vivem até se tornarem velhos rabugentos?

Todos nós pedimos respostas diferentes a essas perguntas.

O profeta Habacuque apresentou-as a Deus – e recebeu uma resposta clara. Habacuque não mede palavras. Ele exige uma explicação sobre o motivo de Deus não reagir à injustiça, à violência e ao mal que o profeta vê ao seu redor.

Deus responde: Logo os babilônios punirão Judá. Mas essas palavras não o tranquilizam, pois os babilônios são um povo cruel e selvagem. Pode isso ser justiça – usar uma nação ainda pior para punir Judá?

O livro de Habacuque não resolve e não tem todas as respostas para o problema do mal. Mas as conversas desse profeta com Deus o convencem de uma coisa: Deus não perdeu o controle.

Um Deus de justiça não pode permitir a vitória do mal. Primeiro, Deus cuidará dos babilônios nos próprios termos deles, em retribuição à semeadura deles. Depois, mais tarde, Deus intervirá com grande força, abalando as próprias fundações da terra até não sobrar nenhum sinal de injustiça.

A terra se encherá do conhecimento e da glória do Senhor, como as águas enchem o mar”, promete Deus a Habacuque (2:14).

Um vislumbre dessa glória muda a atitude do profeta, que passa de afronta a alegria.
No decorrer do seu “debate” com Deus, Habacuque aprende novas lições sobre a fé, que são expressas de forma brilhante no último capítulo.

As respostas de Deus satisfazem tanto Habacuque que seu livro, que começa com uma queixa, termina com uma das mais belas canções da Bíblia.

Mesmo não florescendo a figueira
e não havendo uvas nas videiras,
mesmo falhando a safra de azeitonas
e não havendo produção de alimento
nas lavouras,
nem ovelhas no curral,
nem bois nos estábulos,
ainda assim eu exultarei no Senhor
e me alegrarei
no Deus da minha salvação.
Habacuque 3:17-18



A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
primavera  2013


Referências:
·         Bíblia Sagrada
Mateus 5:6
Habacuque  1-3
·         A Bíblia, minha companheira  – Philip Yancey

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Com o coração na eternidade

Rumores de outro mundo

Há em cada um de nós um instinto pelo eterno. Há um anseio por voltar, por conectar, como se estivéssemos longe, ausentes. Um instinto encontrado em todas as sociedades, todos os povos, todas as gentes, um instinto pelo religioso.
Dê-se o nome que quiser, classifique-se como for, sejam budistas, hinduístas, cristãos, todos tendem a venerar alguém maior. Eterno?
O salmista exclama: "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?". E vai além: “Minhas lágrimas ... me perguntam o tempo todo: "Onde está o seu Deus? ".
Essa aspiração humana é resultado do choque entre o ser finito e a consciência da eternidade.
Nosso coração também percebe a eternidade de formas que diferem das percepções religiosas. Enxerga-se com clareza a beleza no mundo criado, mundo em que vivemos.
Eclesiastes resiste como uma obra de grande literatura e como um livro de enormes verdades, porque apresenta os dois lados da vida sobre este planeta: a promessa de prazeres tão atraentes que podemos dedicar nossa vida à busca deles e, depois a assombrosa percepção de que os prazeres não satisfazem.
O provocante mundo de Deus é grande demais para nós.
Criados para termos outra casa, criados para a eternidade, finalmente compreendemos que nada deste lado do paraíso atemporal aplacará os rumores do descontentamento.
O Pregador escreve: “[Deus] também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim ele não consegue compreender inteiramente o que Deus fez”.
Essa é a ideia central do Eclesiastes. A mesma lição que Jó aprendeu no pó e nas cinzas – que nós, seres humanos, não podemos entender a vida sozinhos – o Pregador, por sua vez, aprende legislando num palácio.
Desespero! Será assim que terminaremos, se não enxergarmos nossas limitações e não nos sujeitarmos aos preceitos de Deus, se não confiarmos no Doador de todos os dons.
Eclesiastes nos convida a aceitar nossa condição de criaturas sob o domínio do Criador, algo que poucos de nós fazem sem resistência.

A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva 
primavera  2013

Referências:
  • Bíblia SagradaSalmos 42:2-3 Eclesiastes 3:11
  • Anseio pelo eterno - Igreja Batista da Liberdade
  • A Bíblia que Jesus lia  – Philip Yancey