quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014 - Um marco, um memorial

Os memoriais trazem à lembrança as vitórias do passado e ajudam a recuperar a confiança e a força de que precisamos no presente.
Durante os tempos de dificuldade, a lembrança dos pontos onde houve mudança em nosso passado serve como encorajamento para o presente. 
Isso nos remete ao feito do profeta Samuel, quando, após a vitória de Israel sobre os filisteus, toma uma pedra, dá-lhe o nome de Ebenézer, ou seja, pedra de socorro, marca o lugar e exclama com convicção: "Até aqui nos ajudou o Senhor". (1 Samuel 7:12)
Eis aí toda a verdade.
Ao final de um ano, não podemos deixar de olhar para trás, lá no início, desde o primeiro mês, e ver quanta coisa aconteceu.
Talvez não tenhamos erigido marcos de pedra, mas trazemos em nossos corações e em nossa lembrança os grandes feitos de Deus em nossa vida.
É tempo de repensar, de rever posicionamentos entender que Deus, através do tempo, trabalha de forma maravilhosa.
É tempo de arrumarmos a casa, e a exemplo do que foi sugerido por Samuel a Israel, tempo de nos convertermos, tempo de nos livrarmos dos ídolos, preparar o coração, agir e nos derramar perante o Senhor.
Marcos significam que a história não termina. Marcos não são a linha de chegada, são pontos de aferição. A história das nossas vidas continua.
Mas toda vez que passamos por um deles, vem-nos à memória os grandes feitos do Senhor e a forma maravilhosa com a qual Ele agiu.
Grandes vitórias estão por vir. Daqui a pouco, teremos 365 novos dias para marcar nossas vidas, nossa caminhada e de muitos com quem convivermos.
Mas fica em nossa história um marco que terá a etiqueta 2014!
Que Deus nos ajude a daqui 12 meses, plantarmos, aqui ou onde estivermos, mais um marco, mais um memorial. 
Vamos chama-lo de Ebenézer, pois não será pela nossa força, será “pedra de socorro” mesmo. E que possamos dizer “Até aqui nos ajudou o Senhor”.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

É Natal. Num menino a esperança!

Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
Isaías 9:6

Grandes atos de Deus começaram com o nascimento de uma criança. Deus começa sempre bem do princípio, sempre com uma nova história.
A história da salvação começa com a chamada de Abraão (Gênesis 12), mas ela vai se concretizar com o nascimento de Isaque. É ali que começa a história do povo hebreu, com o nascimento de uma criança. 
Mais tarde, os hebreus estavam no Egito, escravos, debaixo de um pesado jugo e opressão.  Clamaram por um libertador. E a libertação vem, começando novamente pelo berço. Nasce outra criança, nasce Moisés. 
Alguns séculos a frente, o povo está gemendo outra vez, agora sob o domínio dos filisteus. A nação sofreu por quarenta anos. Mais uma vez um libertador e, novamente, o choro de uma criança, nasce um menino. É Sansão.
E, após 440 anos de silêncio sem nenhuma profecia, sem que Deus dissesse nenhuma palavra. Deus volta a falar e, mais uma vez, uma criança. Desta vez a mais importante, Jesus.
Deus começa a trabalhar através do nascimento de uma criança.

Deus é imprevisível

Deus não é programável, não há previsibilidade em suas ações, nos seus atos. Sua maneira de agir e de pensar são diferentes.
Ele não é engessado. Se assim fosse, seria qualquer outra coisa, um ídolo talvez, menos Deus.
Deus é totalmente imprevisível. 
A nação está debaixo da dominação romana, sem liberdade, uma desorientação enorme, partidos políticos se digladiando e eles esperando um libertador, um Messias.  E Deus responde com um menino. Nasceu Jesus.
A maneira de Deus pensar é diferente.
Paulo compreendeu e expressou isso de maneira admirável:
Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. 
(1 Coríntios 1:27)
Eis aí a imprevisibilidade de Deus, a pessoa de Jesus Cristo. A maior demonstração disso. 
Um menino, uma criança até então insignificante, filho de um casal de camponeses, que cresceu numa pequena cidade. Uma cidade com uma população menor do que a de muitos condomínios de nossas cidades.
Uma vida pública de três anos e a sua maior viagem não excedeu a 270 Km. 
Nunca escreveu nenhum livro.
Escolheu doze homens sem nenhuma expressão social ou política, do terceiro mundo de uma época da história humana considerada atrasada.
Mas Ele, Jesus, mudou o mundo para sempre.
Não há um outro nome que fascine mais ou que desperte mais ódio do que o dele. É absolutamente impossível permanecer impassível diante dele. Quando se aprende sobre ele ou a pessoa se rende ou se posiciona contra ele.
A religião que fundou-se sob o seu nome é uma das mais combatidas, mas é impressionante como o cristianismo cresce no mundo inteiro. 
A partir das suas próprias palavras "As portas do inferno não prevalecem" estão sendo derrubadas.
Jesus projetou uma sombra no mundo da qual o mundo nunca mais se livrará.
Ele dividiu a história do mundo em duas partes: antes dele e depois dele. Jesus marcou o mundo para sempre.
De um menino insignificante ao mais famoso, do indefeso ao mais poderoso, do despercebido ao mais notado.
No livro de Daniel, capítulo 2. Há uma visão profética da história do poder mundial, o próprio Deus revelou-lhe isto. Há uma estátua de quatro estágios, ouro, prata, bronze e ferro com barro representando os quatro grandes impérios mundiais. 
Daniel conta e revela o sonho ao rei, sonho que ele mesmo, Nabucodonor tivera. E o desfecho do sonho e interpretação:
Enquanto estavas observando, uma pedra soltou-se, sem auxílio de mãos, atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmigalhou.
Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados, viraram pó, como o pó da debulha do trigo na eira durante o verão. O vento os levou sem deixar vestígio. Mas a pedra que atingiu a estátua tornou-se uma montanha e encheu a terra toda. 
(Daniel 2:34-35)
A pedra, apontava para Jesus, tipifica Jesus Cristo, atingiu e destruiu a estátua e tornou-se uma grande montanha que cobriu o mundo inteiro. Este é o nome que vai cobrir o mundo inteiro. Seu ensino e influência são eternos.
"...O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão". 
(Mateus 24:35)
Isto é o cumprimento das palvras do profeta Isaías:
"... a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar." 
(Isaías 11:9)
Deus é absolutamente imprevisível!

Deus é o Deus do impossível

Nada é mais indefeso do que um bebê. Depende totalmente do cuidado dos pais para alimentar-se, proteger-se e crescer.
Quanto tempo leva para um bebê tornar-se independente? Talvez, de toda a criação, o bebê humano é o que levará mais tempo para sobreviver independente de quem o gerou.
No entanto a este bebê foi dado "domínio sobre toda a terra, sobre animais, sobre as aves, sobre os peixes e os répteis" (Gn. 1.26).
Este bebê, indefeso, é apresentado no Apocalipse como Rei do reis e Senhor dos senhores (Ap. 19:16).
É mostrado no Apocalipse como aquele diante de quem todos os joelhos se dobram (Ap. 5:8).
Deus é o Deus do impossível. Pode fazer do nada tudo. Foi assim que Ele criou todas as coisas. 
E em Jesus, Deus transformou o filho de camponeses no mais poderoso homem da história.
É fantástico, o mundo inteiro celebrando o seu aniversário, o Natal.

Deus é o Deus das coisas pequenas

Um menino? Lá no Egito se poderia dizer: “Um menino? Precisamos de um guerreiro!”. Nos tempos do Novo Testamento teriam se questionado “Um menino? Precisamos de um líder político, forte, respeitável, cumpridor da lei.”.
Mas através do profeta Zacarias Deus faz uma observação importantíssima:
"... quem despreza o dia das coisas pequenas?" (Zacarias 4:10)
Ninguém despreze o dia das coisas pequenas. Uma pequena igreja que nasce de um grupo de oração, igrejas que chegaram antes da cidade em alguns lugares. Igrejas que começaram com uma família apenas. 
Ninguém despreze o dia das coisas pequenas. Deus é especialista nisso, em começar do nada. 
No Apocalipse Jesus começa a ser mostrado como um cordeiro. Um animal pacato, que nem bali, que vai mudo para o matadouro. Porém mais a frente o cordeiro transforma-se em um leão. 
E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos. 
(Apocalipse 5:5)
É assim que Deus faz. O bebê indefeso é o maior nome dado entre os homens.  Diante dele todo o joelho vai se dobrar.
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,  
(Filipenses 2:10)
Deus é especialista em pegar o pequeno e torna-lo grande, em pegar o fraco e torna-lo poderoso. 

Conclusão

Um menino nos nasceu. Isto é o Natal. É isto o que se celebra.
Deus gosta de crianças. Jesus, que é Deus, também gosta de crianças.
Então disse Jesus: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas". (Mateus 19:14)
O Reino dos céus será feito de gente que se tornar como criança. E Jesus vai mais longe, ordena que tenhamos comportamento de criança:
e disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. (Mateus 18:3)
Criança é crédula, criança crê, confia, abandona-se.
E se você quiser entrar no Reino, precisa tornar-se uma criança, nascer de novo, converter-se, começar dos primeiros passos.
Um menino nasceu para nós e com Ele a esperança, vida e garantia de um futuro para todos nós, a vida eterna. Graças a Deus por esse menino.

A Deus toda a glória

Carlos R. Silva
Natal 2014


Referências:

Bíblia Sagrada Almeida Revista e Corrigida, CPAD 
Bíblia de Estudo NVI, Vida
Pr. Isaltino G. C. Filho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

497 anos da Reforma Protestante

Reformando a Igreja Reformada

Olhando para o cenário da igreja atual, em pleno século XXI, às vésperas de completar 500 anos da Reforma Protestante, creio ser apropriado falar da reforma da Igreja Reformada, ou ainda propor uma volta aos pilares que sustentaram a original Reforma.

Quando Martinho Lutero lançou seu desafio de reforma da Igreja Católica Romana, ele não o fez animado por um espírito de inovação ou rebeldia, mas movido por convicções enraizadas na Palavra de Deus. 

Sem dúvida a data de 31 de outubro de 1517 é de grande transcendência na história universal. A Reforma exaltou verdades bíblicas que formam o sustentáculo de nossa evangelização. De uma maneira e outra, todos os cristãos evangélicos são herdeiros da Reforma. Embora tenha sido um movimento de profundas repercussões culturais, sociais e políticas, é saudável agarrarmo-nos nesta mensagem aos seus fundamentos teológicos e, de maneira particular, à visão da salvação dos reformadores. 

Ao fixar as famosas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, Martinho Lutero fez crescer o movimento que ganhou o nome de Reforma Protestante, que buscava objetivamente o retorno a um Cristianismo centrado nas Escrituras Sagradas. O monge alemão questionava os intermediários da fé apresentados pela Igreja Romana, que pregava a penitência individual como meio de reconduzir a pessoa a um relacionamento com Deus, deixando o arrependimento sincero e a fé em Jesus Cristo em segundo plano. Esses apontamentos originaram os cinco pontos que são os pilares da Reforma:


Sola Scriptura
Somente as Escrituras Sagradas são a regra de fé do cristão. A tradição da Igreja Romana e os documentos papais não têm este poder e tampouco devem exercer esse papel.

Solus Christus
Somente Cristo é o autor da salvação e mediador para reconciliação do homem com Deus Pai. O ser humano nada pode fazer para a salvação de sua alma.

Sola Gratia
O fator decisivo para a salvação do homem é a graça de Deus. Não há mérito, boas obras ou qualquer esforço humano capaz de produzi-la.

Sola Fide
A fé em Cristo é a única tarefa que o homem deve realizar para ter certeza da sua salvação. Boas ações não têm valor algum nesse processo.

Soli Deo Gloria
Somente a Deus o cristão deve render glórias, ao contrário da tradição romana que defendia a reverência aos papas e cardeais da Igreja.

A Editora Anno Domini convidou cinco líderes cristãos para analisar a igreja atual com base nos Cinco Solas da Reforma Protestante. Cada um comentará sobre uma delas e como os cristãos têm procedido sobre o tema citado. 

A igreja tem praticado o Soli deo Gloria (Glória somente a Deus)? 

Há elementos disso presentes na igreja, sim. Mas há muita carnalidade, ambição e vanglória, não há dúvida. Sempre precisamos voltar às bases e à contemplação do Mestre. Pois a Igreja Reformada sempre vive se reformando. As maiores evidências se apresentam nos amores que nós cultivamos. Richard Sibbes, teólogo e pastor puritano disse que são os nossos amores que revelam a saúde do nosso coração – se ele está voltado para Deus ou não. Qual é a primeira coisa que ocupa a nossa mente e coração ao acordarmos de manhã? Qual é a última coisa que passa pela nossa cabeça a noite? É nas pequenas coisas do dia a dia que vemos como anda o nosso coração. 

Walter McAlister – bispo primaz da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida e autor dos livros “O Fim de Uma Era”, “O Pai Nosso” e “Neopentecostalismo: a história não contada”, lançados pela Editora Anno Domini


A igreja tem praticado o Solus Christus (Somente Cristo)? 

Grande parte dos cristãos hoje além de desconhecerem princípios como o Solus Christus, sequer conhecem ou buscam se aprofundar nos textos bíblicos que fundamentam o mesmo. Sobretudo na cultura brasileira fortemente influenciada pelo peso clericalista do catolicismo, evangélicos buscam não apenas em outras pessoas (líderes carismáticos, pastores “motivadores”, “irmãs de oração”, “pais espirituais” etc) mas em instituições e até mesmo em amuletos (rosa ungida, miniaturas de arca da aliança, bíblias de 900 reais etc), a redenção para as suas vidas. A esperança reside no fato de existir uma parte da Igreja atual que não se curva diante de outros mediadores e tem bebido em fontes históricas para resgatar um genuíno e efetivo legado espiritual que estabelece Cristo em seu lugar central e principal na Igreja. 

João Costa – pastor titular da Igreja Vineyard Central do Rio de Janeiro-RJ 

A Igreja atual tem praticado o Sola Fide (Somente a Fé)? 

A Igreja Romana, durante o tempo da Reforma, não negava que a fé era necessária para a salvação. Mas era uma fé no poder da Igreja, dizendo respeito muito mais a uma questão de conhecimento e consentimento. A Reforma, entretanto, apregoou que a fé era uma questão de confiança e não confiança na eficácia ou no ensino da Igreja, mas no poder de Deus que pode salvar plenamente os que se aproximam dele, confiando nos méritos de Cristo.
Uma grande distinção que a Reforma fez e que é muito importante para nós hoje é que quem salva é Cristo e não a fé. A fé não pode ser considerada uma pequena obra que em última instância tem poder de nos salvar. A fé é apenas o instrumento pelo qual nos apropriamos da salvação, conquistada plenamente por Cristo. Porém, ainda assim, poderia ficar a impressão de que a fé é uma pequena obra necessária para a salvação, não fosse o ensino inequívoco da Escritura de que, mesmo a fé, é um dom de Deus (Ef 2.8,9; Rm 12.3; Jd 3). 

Em linhas gerais a Igreja atual está longe do padrão da Reforma, pois introduziu todo tipo de amuletos e superstições nos moldes da Igreja Romana. Por isso, a mensagem da salvação somente em Cristo pela fé não é uma realidade. Na verdade, pregar sobre salvação pela fé dentro dos moldes bíblicos pode ser muito impopular nos dias atuais. Dizer que o homem não tem poder algum para se salvar pode ser considerada uma frase praticamente extinta. E o motivo não é difícil de se identificar. As pessoas argumentam: mas ser salvo do quê e por quê? O fato é que elas não se sentem perdidas. Foi o tempo quando a pregação da Lei desesperava as pessoas de modo que elas se refugiavam em Cristo. O problema não é que a Lei não tem mais esse poder, e sim, o fato de que a Lei não está mais sendo ouvida. As pessoas não querem ouvir sobre seus pecados, querem apenas mensagens de autoajuda, de “soluções”, não se preocupam com a Ira de Deus, não veem a maldade e a ofensa de seus pecados, por isso, ainda confiam em si mesmas. Elas precisam ouvir a respeito do fogo do Inferno e da depravação humana, pois somente assim deixarão de confiar em si mesmas e se entregarão a Cristo pela fé somente. 

Leandro Lima – pastor auxiliar na Igreja Presbiteriana de Santo Amaro-SP e professor do Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, da Universidade Mackenzie-SP. 

A Igreja atual tem praticado o Sola Gratia (Somente a Graça)?

Os reformadores divergiam de Roma não porque estes pregassem uma salvação exclusivamente por obras, mas porque aqueles defendiam que a salvação é pela graça somente. É esta palavrinha – sola – que divide o entendimento reformado do entendimento católico. Essa doutrina, portanto, significa que o pecador nada pode fazer para obter mérito e que o pecador não coopera com Deus, a fim de merecer a sua salvação. Entre nós cristãos protestantes ninguém ousaria dizer que não somos salvos pela graça de Deus, embora haja divergências quanto ao livre-arbítrio e ao conceito de graça preveniente entre as tradições arminiana e reformada (calvinista). Entretanto, creio que haja uma falta de compreensão bíblica quanto ao papel da graça divina em toda a extensão da vida cristã. Somos salvos pela graça somente e continuamos a viver somente pela graça. O favor imerecido de Deus alcança toda nossa trajetória como cristãos; não é o caso de pensarmos que “já fomos salvos pela graça, agora tudo depende de mim”. Até mesmo a disciplina que de nós é exigida no processo de santificação é fruto da graça de Deus, pois é Ele quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele (Fp 2.13). 

Marcelo Maia – pastor auxiliar da Catedral da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida, no Recreio-RJ, e diretor do Instituto Bispo Roberto McAlister de Ensinos Cristãos (IBRMEC) 

A Igreja atual tem praticado o Sola Scriptura (Somente as Escrituras)?

O Sola Scriptura, como afirmação de que a Bíblia, e não a tradição, é a autoridade infalível na fé cristã, tem sido questionado hoje em dia até mesmo em meios evangélicos. Com isso a autoridade das Escrituras é enfraquecida e a fé cristã passa a descansar num terreno arenoso. Se não podemos confiar na autoridade das Escrituras e se são elas que testificam de Jesus, como podemos estar seguros de que o que cremos acerca de Jesus é verdade? Para o cristão, a autoridade das Escrituras anda de mãos dadas com a firmeza de sua fé. 

Sandro Baggio – pastor do Projeto 242 de São Paulo e missionário da organização internacional Steiger 



A Deus toda a glória!


Carlos R. Silva
31 Outubro 2014 – 497 anos da Reforma Protestante


Referências:

1· Compilação do artigo:
Editora Anno Domini, Os cinco solas e a Igreja do Século XXI
http://www.editoraannodomini.com.br/site/ad-reforma-protestante/

2· Compilação do artigo:
O dia da Reforma e o sacerdócio de todos os crentes, Editora Ultimato
http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-dia-da-reforma-e-o-sacerdocio-de-todos-os-crentes#reforma+protestante

3· Compilação do artigo:
Sola Gratia, Solo Christus, Sola Fide e Sola Scriptura, Editora Ultimato
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/296/sola-gratia-solo-christus-sola-fide-e-sola-scriptura

4· Compilação do artigo:
A nova Reforma Protestante, Revista Época
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI161475-15228,00-A+NOVA+REFORMA+PROTESTANTE.html

Halloween e os cristãos

Afastem-se de toda forma de mal.Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo o espírito, alma e corpo de vocês seja conservado irrepreensível na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.[1 Tessalonicenses 5:22-23]

Por que os cristãos dizem 'não' com tanta veemência para o Halloween? Simplesmente porque são cristãos. Halloween é um antigo festival pagão: druidas (sacerdotes de ídolos) costumavam ir de casa em casa pedindo dinheiro para o deus deles. A casa que se recusava a doar alguma coisa seria amaldiçoada e se lançariam feitiços sobre a família que morava lá.
Muitos pais consideram o Halloween nada mais que uma inocente celebração, na qual as pessoas se fantasiam e se divertem. Mas muitas mentiras estão por trás dessas "atividades divertidas", desse desfile de fantasmas, vampiros, esqueletos e demônios. Ainda que não associem o Halloween com práticas ocultistas, até mesmo educadores, sociólogos e psicólogos alertam sobre o dano potencial desse costume.
Outros argumentam: "Qual a diferença entre o Halloween e o Natal? Temos o Dia das Mães e o Dia dos Pais. Não temos de ser fanáticos e intolerantes. E, além disso, essas datas são boas para o comércio". E assim o Halloween é comemorado. Só que, ao invés de despertar sentimentos de ternura e união, o Halloween é uma representação da maldição, da morte e da violência.
Mesmo que sejamos chamados de fanáticos, nós, cristãos, não podemos deixar de nos manifestar firmemente contra tais coisas que o mundo, o sistema, quer tornar aceitável. A origem do Halloween não provém de Deus; ao contrário, é nascida de práticas idólatras, que as Escrituras repetidamente exortam o povo de Deus a não participarem. Isso já é argumento mais que suficiente para os verdadeiros filhos de Deus.
Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.
[Mateus 22:37]
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adaptação de: www.apaz.com.br

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Volta à simplicidade

"Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.
Mateus 18:3

- Precisamos voltar ao princípio!

12 de Outubro. Um dia apropriado para nos lembrarmos de que os princípios do Reino de Deus não devem ser compreendidos apenas com a mente.
Deus é muito grande para ser apenas estudado. Pode ser que isto nos tome a vida toda!
O Reino também é espiritual e, ao me aproximar dEle, devo fazê-lo também com o espírito e colocar em prática os ensinamentos preciosos do Evangelho.
O Evangelho é para ser vivido.
Complicamos muito as coisas, crescemos. É o inevitável processo de amadurecer, tornar-se adulto.
O povo do Reino de Deus é simples em sua fé, consciência e inocência.
É simples, não infantil.
Quando Jesus coloca uma criança como referência ele está dizendo:
- Comecem do princípio!
Se não começarem do princípio, não verão o Reino de Deus, muito menos entrarão nele.
O simples, não tem preconceitos sobre pessoas, sobre comportamentos, sobre Deus.
É muito fácil perdermos nossa perspectiva eterna e competirmos para alcançar promoções ou posições na Igreja. Mas é difícil nos identificarmos com as “crianças”, pessoas fracas e dependentes sem qualquer status ou influência.
As crianças são crédulas por natureza.
É disto que estamos precisando.
O céu é de todas as pessoas que tem essa fé inocente em Deus.
Vamos voltar à simplicidade?


A Deus toda a glória!
Carlos R. Silva

sábado, 27 de setembro de 2014

Restauração

A restauração é uma necessidade tanto daquele que desce um degrau como daquele que desse todos os degraus.

É uma necessidade de todo o ser humano. Daquele que se afastou do caminho certo apenas dez centímetros e daquele que se afastou por quilômetros.

Quando se fala em restauração, a palavra mais animadora que se pode ouvir sai da boca do homem que pregava no deserto, que vestia uma túnica de pele de camelo e que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre.

Ele aponta para Jesus e exclama: “Aí está o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29).

Revista Ultimato N° 348, Maio-Junho 2014.

domingo, 7 de setembro de 2014

Perdão

Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.
[Mateus 6:12]

No que diz respeito aos meus próprios pecados, é bastante segura (ainda que incerta) a aposta de que minhas desculpas não são tão boas quanto eu imagino.

No que diz respeito aos pecados dos outros contra mim, é seguro (ainda que incerto) apostar que suas desculpas são melhores do que eu imagino.

Por isso temos de começar por prestar atenção a tudo que possa mostrar que o outro não merece tanta censura quanto nós achávamos. Mas, mesmo se ele for absolutamente culpado, continuamos tendo de perdoá-lo; e ainda que noventa e nove por cento da sua aparente culpa possa ser explicada por desculpas realmente convincentes, o problema do perdão começa com aquele um por cento de culpa que ainda resta. Desculpar o que pode realmente ter uma boa desculpa não é caridade cristã, é apenas justiça. Ser cristão significa perdoar o indesculpável, porque Deus perdoou o indesculpável em você.

Isso é duro. Talvez não seja tão duro quanto perdoar uma única grande injúria. Mas como seríamos capazes de perdoar as persistentes provocações do cotidiano (continuar perdoando a sogra mandona, o marido tirano, a esposa implicante, a filha egoísta e o filho salafrário)? Só mesmo, acredito eu, colocando-nos em nosso lugar, acreditando no que dizemos todas as noites em nossas orações: “Perdoa os nossos pecados, assim como nós perdoamos os nossos devedores”. O perdão não nos é oferecido em nenhum outro termo. Recusá-lo significa recusar a graça de Deus para nós mesmos. Não há indícios de exceções, e Deus sabe bem o que está falando.

[Um Ano com C. S. Lewis, Editora Ultimato]

domingo, 3 de agosto de 2014

Lembre-se do seu Criador

Lembrar-se de Deus no bagaço é covardia!

Seria como procurar viver o melhor dos dois mundos: desfrutar os prazeres da vida na juventude e correr para Deus quando as cortinas estiverem para se fechar.

Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho satisfação neles";
antes que se escureçam o sol e a luz, a lua e as estrelas, e as nuvens voltem depois da chuva; 
Eclesiastes 12:1-2

Um hino antigo, do pastor Feliciano Amaral, diz:

Dá teu melhor para o Mestre,
Dá tua força e valor
Põe o vigor de tua alma
Às ordens do teu Senhor

O pensamento secularizado impele o moço a decidir-se, ainda cedo, sobre qual carreira seguir e como conquistar coisas ao invés de: - como ser útil, como passar pela vida e fazer diferença.

A pergunta que cabe é: - Senhor, o que tens para mim? Como colocar meus dons e ministérios a teu serviço?

A isso chama-se construir com ouro, prata e pedras preciosas. O melhor da sua vida para Deus. (1 Co 3:9-15)


A Deus toda a glória!


Carlos R. Silva
inverno 2014

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Adoração



Cada um dá seu coração ao que considera mais importante, e, esta lealdade determina a direção e o conteúdo da sua vida. 

A adoração, juntamente com outras palavras como amor e fé, pertence aos mais profundos níveis do relacionamento com Deus. Tanto que não se enquadra facilmente dentro de definições simples, nem tão pouco nítidas. 

Adoração está mais ao alcance da descrição e experiência do que às limitações atingidas por qualquer tentativa de defini-la. As palavras do sábio quando a trazem para o papel resultam em “Adoração é o transbordar de um coração grato, impulsionado pelo sentimento do favor divino”. 

A verdadeira adoração, é como a água recebida pelo sedento “torna-se nele uma fonte a jorrar para vida eterna” (Jo. 4:14). O salmista aproximou-se do cerne da adoração quando disse: "Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti" (Sl. 16:2). Na sua origem a palavra exprime a riqueza, ou preciosidade que Deus é para o adorador. 

Infelizmente, às vezes, nos pegamos planejando refeições, tarefas e até fechando contratos em nossas mentes durante a hora solene do culto! Tão diferente do que ocorreu com Maria, sentada “aos pés de Cristo” (Lc. 10.39), tendo escolhido “a boa parte, e esta não lhe será tirada" (Lc. 10.42). 

Mas, um ato de adoração reconhece a preciosidade de um encontro vital com Deus e tem para quem busca ao Senhor a vantagem só comparável a “encontrar a pérola de grande valor” (Mt. 13:45). 

“O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice;”, é Ele que “garante o meu futuro.” (Sl. 16:5). 

Adorar leva-nos a peneirar nossos valores. Afinal, o nosso alvo é a comunhão com Deus! Algo não está bem quando nossos interesses são mais importantes do que Ele. Cultuar, portanto, é pôr em ordem bíblica as nossas prioridades. 

Procuramos conhecer a Deus, e vamos conhecendo-o cada vez melhor, de modo a exaltá-lo: “Bendirei o Senhor o tempo todo! Os meus lábios sempre o louvarão. Minha alma se gloriará no Senhor; ouçam os oprimidos e se alegrem. Proclamem a grandeza do Senhor comigo; juntos exaltemos o seu nome.” (Sl. 34:1-3). 

A adoração é uma resposta a Deus, declarando-lhe o nosso mais profundo amor, por Ele ter-se revelado no íntimo do nosso coração e porque temos que admitir sua ação em nós através do seu Espírito. 




A Deus toda a glória!
Carlos R. Silva 
inverno 2014 


Uma compilação de:
Shedd, Russel P., Adoração Bíblica, Edições Vida Nova

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cruz, oração e cristianismo


Semana lendo Tozer. Um tempo especial para uma releitura deste pregador desafiante.

O homem que está crucificado tem os olhos voltados para uma só direção. Ele não pode olhar para trás.
O homem crucificado está olhando apenas numa direção, que é a direção de Deus, de Cristo e do Espírito Santo.
O homem na cruz não tem mais planos para si. Não são mais os seus planos, mas de alguém que fez planos para ele.
Quando o pregaram na cruz, todos os seus planos desapareceram.
Quando você se dispõe a morrer na cruz, você diz adeus - você não vai voltar mais!


Eu me recordo de um homem de Deus a quem foi perguntado:
"O que é mais importante: ler a Palavra de Deus ou orar?".
Ele respondeu:
"O que é mais importante para um pássaro, a asa da direita ou a da esquerda?".


Um cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos. 
Ele sente um amor supremo por alguém que ele nunca viu; 
conversa familiarmente todos os dias com alguém que não pode ver; 
espera ir para o céu pelos méritos de outro; 
esvazia-se para que possa estar cheio; 
admite estar errado para que posa ser declarado certo; 
desce para que possa ir para o alto; 
é mais forte quando ele é mais fraco; 
é mais rico quando é mais pobre; 
mais feliz quando se sente o pior. 
Ele morre para que possa viver; 
renuncia para que possa ter; 
doa para que possa manter; 
vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento.

Aiden Wilson Tozer


sexta-feira, 23 de maio de 2014

No deserto

Passar pelo deserto é necessário para que se aprenda a deixar para trás a mentalidade de escravo e se passe a compreender a liberdade para a qual Cristo nos chamou.

Não é regra, mas quase sempre, após o sim para Deus, Ele nos conduz ao deserto.
Em toda a nossa existência, torna-se uma prática atravessar desertos. Que ninguém se engane com promessas de um mar de rosas e um mundo perfeito. Não nesta vida! Com certeza, e aguardada com dores de parto, somente no novo céu e nova terra, após a tão aguardada restauração da criação. Pois o Deus que tudo criou tem poder para recriar.

Mas veja, é no deserto que somos sacudidos e obrigados a refletir sobre as nossas ilusões, expectativas que nos alienam, nos afastam, inclusive, de quem amamos; também enxergamos os medos que mascaramos e dissolvemos em nossa busca frenética por realização e diversão.

No deserto o caminho não é claro, nem seguro, sol escaldante durante o dia e frio imenso à noite. Nenhuma distração, nada que seja atraente. Nele, o futuro é incerto, nos descobrimos vulneráveis, fragilizados e expostos aos nossos temores mais vis.

Mas deserto é lugar de encontro com Deus, de rendição do orgulho e da ilusão de sermos senhores do nosso destino. É o lugar da companhia divina, do silêncio que fala e onde o aquietar-se permite perceber a presença dEle.

O silêncio, nos torna mais sensíveis e atenciosos à voz de Deus.

É assim para todo o que quer andar com Ele. Para sermos livres precisamos nos afastar do mundo dos homens para entrarmos, a sós, no mundo de Deus. Um tempo no qual paixões, pressa, tensões, incertezas, vão, lentamente, cedendo espaço para percebermos o valor das coisas.

No deserto reduzimos nossas necessidades àquilo que é essencial. Afinal, muitas coisas não servirão para exatamente nada no deserto. O deserto traz uma outra dimensão das nossas reais necessidades.

Na solidão do deserto, descobrimos a suficiência da graça de Deus.

Aliás, Deus é a nossa necessidade primeira. De tudo que aprendemos no deserto, o mais importante é que, aquilo que mais necessitamos encontramos na comunhão com Deus. Ele, na verdade, será nossa única companhia durante a travessia.

A experiência deste atravessar conduz ao esvaziamento de nós mesmos, ao desapego dos ídolos que oferecem falsa segurança e à completa submissão à Deus e à sua vontade. Chega-se, durante os delírios ou nas tempestades de areia, a prometer, comprometer-se, arrepender-se.

É no deserto que aprendemos, ou reaprendemos, a ver a vida com a perspectiva da eternidade, ajudando-nos a colocar em ordem nossa lista de valores.

A verdadeira liberdade nasce no deserto. Foi no deserto que Jesus reafirmou sua identidade em obediência ao Pai. Não precisou de nenhum artifício para promover-se, nem utilizou-se de atalhos.

É aqui que nos libertamos dos falsos deuses, das mentiras e ilusões que nos fazem pessoas controladoras e manipuladoras.

O deserto rompe com a falsa sensação de que controlamos nosso destino e mostra-nos o quanto somos dependentes.

Finalmente, o deserto nos torna mais verdadeiros, amáveis, pacientes, livres e conscientes de nossa total dependência de Deus.


A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
outono  2014

Referências:
• Compilação do artigo:
   Ricardo B. Souza, O deserto e a liberdade. A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja

sábado, 3 de maio de 2014

A quem muito se perdoou

Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.
Lucas 7:47

O tamanho do meu amor por Deus está relacionado diretamente à quantidade de pecados meus que ele perdoou.
Aquele que mais tem consciência do perdão recebido, esse é mais grato e amoroso. Trata-se de um fato da vida e acontece em pessoas de coração tratado e sadio.

Jesus foi convidado por Simão, um fariseu, para uma refeição em sua casa.
Jantar é uma ocasião apropriada para travar contato social - oferece-se algo, honra-se alguém, introduz-se alguém em nossa casa. Mas a relação de jantar não deixa de exibir certa formalidade - o convidado dificilmente passa da sala de visitas para a intimidade da casa, a conversa se desenrola agradável, evitam-se temas polêmicos. É um relacionamento ao redor de uma mesa, onde a comunicação através do olhar é forte e, assim como a mesa esconde o corpo, também a relação fica a nível de cabeça, da cintura para cima.

Lá estavam os convidados à mesa, que geralmente era em forma de um U, com o anfitrião e o principal convidado ao centro.

De repente, um fato embaraçoso, não para Jesus, mas para Simão, o anfitrião, que deflagrou, inclusive, a real intenção dele ao fazer o convite: uma mulher, ‘pecadora’, invadiu a festa, trouxe um vaso de perfume e colocou-se aos pés de Jesus. Depois os enxugou com seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume.
Nessas ocasiões, as mulheres eram excluídas dos salões. Portanto, a entrada de uma dama naquele recinto, mesmo sendo de alta reputação, chocaria fortemente a todos; mais ainda, se fosse ela conhecida por seus maus costumes. Foi o que se passou.

Para alguém que havia provado o vazio e a mentira do pecado, sua alma agora ansiava uma oportunidade para mudar de vida, mas as circunstâncias a impediam de realizar esse intento. Por fraqueza, por descuido, ou o que quer que tenha sido, ela caíra naqueles horrores. Mas, em seu coração, parece que guardava uma grande admiração pela virtude e — por incrível que pareça — em especial pela pureza. Sua sensibilidade física a arrastava aos enganos da carne e, portanto, à ofensa grave a Deus, mas a espiritual a convidava à paz de consciência, à mudança de vida e ao amor a Deus.

No auge desse dilema, certamente implorou várias vezes socorro ao Céu, mas também ouviu falar do surgimento de um grande profeta em Israel: os paralíticos andavam, os cegos enxergavam, os surdos ouviam, os mudos falavam e até os mortos ressuscitavam. Afinal, deve ter pensado ela, chegara o remédio para todos os males que atormentavam seu espírito tão carregado de recriminadoras aflições. Possivelmente não via a hora em que pudesse sentir-se purificada de suas manchas. Por debaixo de toda aquela lama havia uma alma que ardia de anseios por limpeza, por purificação.

As primeiríssimas reações de sua alma em relação a Jesus foram da mais entranhada simpatia. Ela O amou mais do que a si própria e ansiava pela oportunidade de se aproximar dele. Assim, “quando soube que estava à mesa em casa do fariseu”, decidiu enfrentar os rigores sociais e entrar na sala da ceia. Para chegar onde estava o Mestre, deu a volta pelo lado externo da mesa e “colocando-se a seus pés, por detrás dele, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os, e os ungia com o perfume”, que trouxera num frasco de alabastro.

Antes, por seu desejo, andava a atrair a atenção de todos para si, agora, se ajoelha para servir. Os olhos com os quais ofendera a Deus, agora choravam de dor, de arrependimento, de gratidão. Seus cabelos, outrora vaidosamente penteados, ela os utilizava nesse momento como fino linho para enxugar os pés do Senhor. Os lábios que tanto proferiram palavras de insensatez consagravam-se em beijar os pés divinos. Por fim, elevava à categoria de instrumento de louvor o perfume usado em outras eras para aguçar sua vaidade.

Ela não se apresenta na mesa, vai por trás, vai aos pés, se humilha porque reconhece com o coração toda a grandeza de Jesus e provavelmente, não queria interferir nem interromper o banquete. Vai à base, os pés, chega de mansinho. Chega em lágrimas porque, neste momento, o relacionamento é mais de sensações e não de palavras - é de comoção intensa. Os místicos antigos falam do "batismo de lágrimas", significando a capacidade regeneradora que o Espírito Santo dá de chorar a partir da alma na presença de Jesus. Quem age neste estado não conversa, simplesmente ama. É quando consigo orar e me relacionar com Jesus na forma de silêncio e lágrimas, derramando profundos afetos perfumados na sua presença.

O fariseu não ficou muito à vontade com tantas demonstrações vindas de alguém, a seu ver, tão indigna. Parece que estas manifestações de afeto e gratidão, sufocadas pelo treino em obedecer a leis, não deveriam irromper. Pare ele, "ser profeta" significava julgar, condenar e afastar o impuro. 

E como somos críticos com essa afetividade que irrompe, tanto a nossa como a dos outros. Nossa religião não deixa espaços para relacionamentos profundos com cheiros e lágrimas, quer apenas comunhão social da mesma.

A cena para Simão era um escândalo. “Se este fosse profeta, com certeza saberia de que espécie é a mulher que O toca: uma pecadora”. Seu juízo é apressado e infundado.

Assim como não teve fé e amor para alegrar-se e apreciar o Mestre, faltou-lhe também o discernimento para, na ex-pecadora, ver e interpretar os sinais de um arrependimento perfeito, pois são notórios os efeitos do vício ou da virtude se estampados face. 

O orgulho do rigoroso e sábio legista levou-o a uma conclusão aparentemente lógica, mas na realidade precipitada. Além do mais, manifestou sua falsidade, pois, se concebeu no seu interior a convicção de estar diante de um homem comum e aguardou sua saída para provavelmente comentar com satisfação o aparente horror daquele escândalo, por que chamá-lo de Mestre? 

Além da falta de senso ou virtude para perceber na pecadora o dilúvio de graça que a alcançou, faltava ao fariseu humildade e fé para ver em Jesus o Filho de Deus.

Entretanto, a prova de quanto Jesus é profeta foi dada a Simão logo a seguir, no estilo tão apreciado naqueles tempos, através da parábola dos dois devedores. 
Dois réus. Ambos haviam ofendido a Deus em graus diferentes e necessitavam, portanto, do perdão. Qual deles ficou mais grato? Qual deles amou mais o seu Senhor?
"Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior", responde Simão. Dedução correta, lhe diz Jesus.

Mas por que, alguém com um julgamento tão correto, não põe em prática o que na teoria lhe é tão simples e familiar? Como alguém que procurava observar 613 mandamentos, que ao andar evitava andar em linha reta para não parecer orgulhoso, se esquece de ser solidário e de honrar um convidado importante, um mestre?

“Vê esta mulher? Entrei em sua casa, mas você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, molhou os meus pés com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.
Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés.
Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés. Portanto, eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados, pelo que ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama".
Então Jesus disse a ela: "Seus pecados estão perdoados".

A pecadora estava tomada por um arrependimento perfeito e foram-lhe “perdoados os seus muitos pecados, por isso muito amou”. Quanto ao fariseu, o Senhor lhe mostra sua disposição em perdoá-lo, mas seria necessário, da parte dele, fé e mais amor. Era indispensável ao fariseu reconhecer seu débito para com Deus e pedir-lhe perdão, mas ele assim não procedeu, por ser orgulhoso.

Jesus sabe lidar com nosso lado racional, ele sempre tem algo a dizer para ele. Será que nós o escutamos? Parábolas são histórias para que a razão e a emoção entendam e acolham a mensagem da graça.

Nosso culto só com o "lado Simão" é insuficiente porque ele não se doa a Jesus com todo nosso ser. Não mexe com o corpo e com a emoção. É nosso lado perdido, nosso lado pecador que pode prestar o culto mais profundo que envolve o corpo todo.
É este encontro que atinge o nosso íntimo, que faz com que recebamos o seu perdão em todo nosso ser. Só a imersão completa na presença do Senhor permite que meu ser seja tocado na intimidade, permite que se vejam e sejam tratados os meandros e todos os cantos escuros do meu ser.

Quem é este Jesus, que lida de um jeito tão amoroso com o nosso lado perdido? É sua ternura para conosco que faz com que nossa alma queira se aproximar cada vez mais. "Nós o amamos porque ele nos amou primeiro." (1 Jo 4:19)

Quando todo o meu ser se permite ser tocado por Jesus há paz. A mulher "vai em paz", recebeu alimento de Jesus. Nada é dito de Simão, o fariseu neste final. É uma pena se ele se contentou em só dar de comer a Jesus, sem captar o alimento para a alma que sua presença irradia. Isto é típico do que se torna religioso e só pensa no "fazer". É meu lado perdido que consegue dizer: "Tem misericórdia de mim, pecador" e então ouvir: "Vai em paz".

Por fim, a pecadora é oficial e publicamente perdoada; quanto ao fariseu, na melhor das hipóteses — se chegasse a arrepender-se e vencer seu orgulho — caberia, talvez, o decreto do Senhor: “os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21:31).


A Deus toda a glória!


Carlos R. Silva
Outono 2014



Referências:

· Bíblia Sagrada:
   Lucas 7:36-50, 1 João 4:19, Mateus 21:31

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Genealogia de Jesus - a linhagem de um Deus

1 Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
2 Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos;
3 E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão;
4 E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom;
5 E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;
6 E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.
7 E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa;
8 E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias;
9 E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias;
10 E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias;
11 E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para babilônia.
12 E, depois da deportação para a babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel;
13 E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor;
14 E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde;
15E Eliúde gerou a Eleazar; e Eleazar gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó;
16 E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo.
17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para a babilônia até Cristo, catorze gerações.
Mt 1:1-17


Sempre que relia os evangelhos, passava por estes 17 versículos iniciais do relato de Mateus sem me deter muito. Apenas constatava algumas informações, as quais já vinham da leitura do Antigo Testamento e passava em seguida para outros pontos, até então mais importantes, no meu ponto de vista.
Mas, num olhar mais atento, o que é que esta lista de nomes tem e em quê pode influenciar na minha devoção? O quê pode ser acrescentado à nossa fé quando lemos estes nomes e os associamos às personagens e suas histórias relatadas por toda a Bíblia?

Tem sido um desafio ao longo dos anos aprender, ou reaprender em alguns casos, buscar significado e entender, todos os dias, a pessoa de Jesus e seu ministério.
Quem foi este, que provocou tanto impacto na história humana e que a dividiu em duas eras: A.C. e D.C.?
Quem foi este homem, de Nazaré, uma cidade pobre da Galiléia, que modificou o mundo e o colocou de ponta cabeça?
Quem foi este que trouxe uma mensagem tão revolucionária?
Quem foi este que depois de 2014 anos, com todos os avanços tecnológicos e descobertas nos diversos campos do conhecimento humano, ainda estamos aqui falando dele, aplicando seus princípios e transformando vidas através dos seus ensinos?
Jesus Cristo. O filho de Maria, filho de Davi, o verbo que se fez carne e habitou entre nós.
Una-se a nós neste grande empreendimento, como se fora um projeto de vida, o falar, meditar e pensar na pessoa de Jesus Cristo, a inspiração maior do nosso viver.
Ninguém que tenha tido contato com Jesus pode permanecer como era, não pode permanecer os mesmos.
Vamos dissertar um pouco sobre sua linhagem e de que forma o conhecimento dela pode influenciar nossas vidas, quebrar alguns tabus e aperfeiçoar alguns processos pelos quais podemos estar passando.

Algumas perguntas que já ouvimos ou já fizemos:

Porque as pessoas são como são?
Porque as pessoas se comportam de modos tão variados?
Porque, às vezes, as pessoas são tão esquisitas?

Todos fazem estas perguntas os que têm fé e até os que não professam fé nenhuma.
Possíveis respostas

1. Alguns dizem que é genética e hereditário, coisa herdada. Está no sangue.
2. Outros afirmam que o comportamento humano é influência do ambiente em que se vive, onde se nasce e é criado. É fruto dos relacionamentos. Pai, mãe, avós, parentes. Tudo isso pode trazer para o coração e para a personalidade de um filho muitas influências.
3. Por último, afirma-se ser o trabalho a força orientadora das relações humanas. A grande força da sociedade seria o dinheiro, as relações econômicas, a produção. De suas afirmações pode-se deduzir que se você nasceu num ambiente pobre, sem condições, sem saneamento, sem segurança, sua única saída seria tornar-se violento, amargurado, criminoso. Sua salvação seria educação, saneamento, boa alimentação.

Todas estas respostas têm suas verdades.
No entanto, estas teorias estão longe de explicar completamente o que acontece no coração humano e o que determina o seu comportamento.
Por quê? Porque é possível encontrar pessoas que tiveram pais doentes, péssimos exemplos em tudo e ainda assim isto não ter afetado seu coração, seu caráter e personalidade.
Frequentemente você observa pessoas que quebram estes padrões.
O contrário também é verdade. Pessoas que cresceram em lares sadios, bem estruturados e de repente revelam-se seres humanos do pior tipo.
Você encontra pessoas vivendo em lugares luxuosos, com todas as condições a seu favor e que, no entanto, são criminosos, ladrões, mentirosos e um monte de outras coisas mais.
É verdade também que você encontra pessoas que moram nos lugares mais humildes que se possam imaginar, casas de chão batido, mas são pessoas cheias de virtude, amor, que transformam as nossas vidas quando em contato com elas. Humanos, misericordiosos, bondosos e, muitas vezes, de uma fé inabalável.
A genealogia de Jesus

Pouca gente vem de uma linhagem onde seus parentes foram tão complicados como os de Jesus.
Poucos tiveram parentes tão complicados, tão doentes, tão esquisitos como Jesus.
É claro que entre eles estão gente cujos exemplos de fé, coragem e determinação mereceram entrar para a história do povo de Deus.
Por que Deus em sua soberania, teria planejado que as coisas acontecessem assim?
Estaria ele apontando-nos verdades que às vezes passam desapercebidas?
Se dependesse das teorias que explicam o comportamento humano, Jesus jamais seria o que ele foi: santo, santo, santo!

O escritor aos Hebreus revelou de maneira grandiosa a intenção de Deus:

Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Hb 4:14-15


Ele, tendo experimentado o sofrimento, a tentação, a dor, compreende-nos completamente.
Então cabe-nos olhar mais atentamente para essa gente de onde ele foi gerado.

Na lista encontramos Tamar, que engravida do seu sogro, Mt. 1.3, atropelando os planos para uma descendência moralmente correta.
Raabe, que era prostituta, está entre os nomes. Mt. 1.5. Sua coragem, seu testemunho e a forma como ajudou o povo de Deus a tornaram digna de figurar na galeria dos heróis da fé em Hebreus 11.
Rei Acaz, Mt. 1.9, um dos piores reis de Israel: idólatra, praticante de cultos pagãos, onde queimou em sacrifícios filhos seus e descendentes de seus súditos.

Por outro lado, a lista traz gente confiável, de caráter e grande fé.
Abraão – o amigo de Deus, homem de fé inabalável.
Davi – um homem segundo o coração de Deus. Um exemplo clássico da nossa humanidade, de homem natural experimentando o viver vitorioso, de muitas glórias, mas também o pecado e, graças a Deus, o arrependimento.
José – o marido de Maria – um homem justo, Mt. 1:19, e obediente Mt. 1:24.

Nos dias atuais em função da forma como o evangelho tem sido apresentado a muitos cristãos, alguns diriam que Maria teria que quebrar diversas maldições para que o seu filho fosse bem sucedido, para que ele fosse uma bênção.
Mas ela não faz isso. Ela coloca-se como um instrumento de Deus para que a vontade dele se cumprisse. Maria conhecia o Senhor. Conhecia e cultivava a esperança do Messias, a salvação de Israel.

Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
Lc 1:38


Todos estes nomes apontam para gente comum, gente parecida conosco, pecadores.
A maioria mereceu destaque na galeria dos heróis da fé, e curiosamente lá, são destacadas as suas virtudes, não são mencionados os seus pecados! Por quê? 

Porque seus pecados foram perdoados de acordo com a palavra do próprio Deus:

Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro.
Is. 43:25
 

Ao lermos a genealogia de Jesus percebemos algumas coisas que, numa primeira leitura, são semelhantes à vida de qualquer um de nós:

- A vida é muito curta e não deve ser desperdiçada;
- Tudo passa;
- Todos nós somos pecadores;
- Em Cristo sempre há um final feliz;
- Deus, realmente, não faz acepção de pessoas;
- Deus usa celebridades e também anônimos para executar sua vontade;
- Deus é fiel para cumprir o que promete;
- No final, tudo vai dar certo;
- Jesus é a esperança da humanidade. Mais uma vez o vemos como exemplo. Ele vem de famílias imperfeitas, mas, isso não foi determinante para que ele não pudesse ser santo, irrepreensível e sem pecado.

Talvez você carregue estes fardos terríveis de herança genética recebida, por causa do ambiente em que você cresceu ou da forma como você foi ensinado a vida toda.
Talvez já tenha ouvido de que você vive a herança deixada por seus pais, seus avós, gente que te gerou.
E você pode estar vivendo com medo de que um dia a situação, a doença aflore e venha à tona.
Eu preciso te dizer:
- Olhe para Jesus!
- Se Jesus com esta lista de gente na sua linhagem pôde manter-se integro, santo e irrepreensível, você também pode.

Não importa qual seja o passado dos seus parentes, se você hoje disser: - eis aqui o teu servo, eis aqui a tua serva! Faça-se em mim conforme a tua vontade. O poder que há no nome de Jesus, o poder que há no sangue do Senhor Jesus pode te libertar, pode te lavar de todos os comportamentos, de tudo o que poderia influenciar sua vida, de tudo o que poderia azedar o seu coração.

O apóstolo Pedro traz à nossa memória:
Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais,
Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,
1 Pe 1:18-19


Todo o que tem um encontro com Cristo, não permanece o mesmo:
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
2 Co 5:17


Existe sim a carga genética, somos semelhantes em aspecto, fisionomia, até no gosto pelas coisas, à nossa mãe, ao nosso pai.

Cargas psicológicas existem sim, existe memória do que passou, do que se viveu do que passamos quando crianças, quando moços.
Mas você não está fadado a conviver com um passado condenável, a conviver com a ideia do fracasso e nem temer que doenças de qualquer tipo de repente apareçam.
Também não é necessário ficar quebrando maldições, preocupado com o que pode acontecer, olhando para trás para ver onde o problema começou.

Em que pensar? O que buscar?
Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;
Cl 3:1-2


Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
Fp 4:8

A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
outono 2014

terça-feira, 29 de abril de 2014

Fé estimulada

Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.  Mt. 15:28

É linda a diversidade de formas como Jesus operava, como ele agia.
Em um momento, ao se deparar com um cego de nascença, ele faz lodo com a própria saliva, passa nos olhos do cego e manda-o que vá lavar-se. Ele vai e fica curado.
Noutra oportunidade, atende ao clamor de dez leprosos, sem nem chegar próximo deles. Libera-lhes apenas uma palavra: - Vão mostrar-se aos sacerdotes. E indo, pelo caminho, ficaram sãos.
Mas, é intrigante o texto de hoje, em Mateus 15:21-28, porque parece que Jesus está contrariando sua maneira de agir. Num primeiro e segundo momentos, não vemos nele nenhuma demonstração de misericórdia. Ele parece demonstrar um apego à tradição ou à missão para a qual o Messias teria vindo, atendendo e direcionando-se apenas para um povo específico.

Nosso desafio hoje é entender o porquê de recebemos de Deus, por diversas vezes, o silêncio.

Vamos tentar entender ainda que nem sempre os silêncios de Deus significam um não de sua parte em atendimento às nossas orações.


O silêncio de Deus

No relato de Mateus, Jesus vem de debates e enfrentamento com um grupo de fariseus, relatado no início do capítulo e ele sai dali e vai para uma região distante 40 km aproximados, pois não era tempo ainda de ser conhecido como o Messias que havia de vir, nem como o rei dos judeus.
Também parece que diante da rejeição dos fanáticos de sua gente ele decide mudar de ares, ver outra gente. Por causa de tal rejeição a oportunidade de chegar-se ao Rei celestial estende-se aos gentios.

Aproxima-se dele uma estrangeira, clamando por sua filha que estava atormentada por espíritos maus, por demônios. Esta certamente conhecia-o, e teria, pelo menos, ouvido falar dele, tanto que ela dirige-se a ele pela honrosa e merecida menção de Senhor, Filho de Davi.
Jesus sequer lhe dirige a palavra. Talvez ele desse ares de nem tê-la notado.
Ela insiste, não uma, mas várias vezes e, num tom espalhafatoso. Chega a ponto de os seus discípulos implorarem a ele que a despedisse, que a mandasse embora.

Jesus, dirigindo-se aos discípulos, ressalta que não viera para estrangeiros, mas foi enviado para restaurar os perdidos de Israel, foi enviado para os seus.

A mulher vem até ele, prostra-se, adora-o e grita: - Senhor socorre-me!

Só então Jesus dirige-se a ela, mas não para ajuda-la, continua a provocar-lhe, se se pode subentender assim. 
– Não é certo tirar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos. Ele diz.
- Mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Ela diz.

Aquilo desmontou o Senhor. Não havia mais argumentos, bastava!

Jesus elogia lhe a fé e decreta que fosse feito conforme o desejo dela. Na mesma hora sua filha foi curada.

É constrangedor o lidarmos com o silêncio de Deus.
Num ímpeto, num primeiro momento, geralmente tratamos como negativas da parte do Senhor em nos atender.
A forma como Jesus agiu ao pedido desta mulher pode apontar, nos dar pistas, de como Deus muitas vezes trata conosco.


Na ausência de respostas, não desista

O fato de não termos respostas, significa apenas que Deus não atendeu ainda, mas não necessariamente que ele não vá atender.
Diante da negativa de Jesus a mulher continuou a pedir, a implorar, a gritar por socorro.

Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta.
Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta.
Mt 7:7-8

Foram as palavras do próprio Jesus em seu sermão numa montanha da Palestina.


As negativas de Jesus buscavam provocar fé

Às vezes, a forma como Jesus age, tende a ser exclusivamente para provocar fé. É como se ele estivesse nos experimentando para ver até onde nossa fé alcança.
A escassez pela qual você pode estar passando, as dúvidas que tão prontamente inundam a tua devoção, a vida que, num instante, parece não estar produzindo fruto nenhum. Tudo isso, todas essas dificuldades, todo o sofrimento incompreendido, pode ser sim elemento estimulador da fé.

Não que Deus tenha prazer em nos ver sofrer, mas você sabe tanto quanto eu, que o que vem por dedicação, através de disciplina, por sacrifício, seja na esfera física ou na espiritual, nós valorizamos tremendamente mais.


Deus quer estimular fé em nós para trabalhar valores eternos

Deus não é um sádico, pelo contrário é um pai cego de amor por seus filhos. Não é tampouco um ente distante, imerso no plasma, no vazio para onde eu me dirijo, sem saber nem mesmo para onde olhar.
Não! Deus é uma pessoa, um pai que ouve as orações, os pedidos, as queixas. É um pai que se entristece, que se ira, mas que tem um longo ânimo, ou paciência como queiramos chamar.

Nossos pais carnais nos privam de certas coisas porque sabem, por experiência, ou por sabedoria, que elas poderão não nos fazer o bem que esperamos. Se determinadas coisas nos acontecem cedo demais, podemos ser ainda imaturos para utilizá-las, para usufruir devidamente.

E por que na esfera espiritual seria diferente? Por que não agiríamos com as coisas que vão produzir em nós efeitos para a eternidade com o mesmo entendimento?

O apóstolo Paulo diz que nenhuma disciplina é boa no início mas depois ela produz fruto pacífico de justiça aos que foram por ela atingidos. (Hb. 12:11)

Frutos pacíficos de justiça como misericórdia, bondade, paciência, amor e paz são alguns dos resultados que poderão ser alcançados no tempo certo.


Deus não despreza o coração quebrantado

O salmista Davi, exclama com propriedade que a um coração quebrantado e contrito Deus não despreza. (Sl. 51:17)
E ele viveu este perdão, esta acolhida do Senhor.

A mulher cananéia desmonta todas as objeções de Jesus, quando, transliterando, “acho que valemos um pouquinho mais do que um cachorrinho, e, veja bem, até eles comem das migalhas que caem da mesa do seu dono”. 
O pão caído da mesa, as migalhas, é o Cristo que os judeus, os filhos, rejeitaram e deixaram que caísse.

Que percepção teve esta mulher. Uma fé assim mereceu o elogio de Jesus. 
 
Um apelo, um chamado à fé

Não importa o que a vida te fez, não importa o que você está passando.
Confie no Senhor, tudo vai dar certo.
Há um final feliz para a sua história.
Sua história está apenas começando, sua vida aqui é só um pedacinho da sua existência. 

Você, nem eu, temos ideia do que nos espera na eternidade. Tudo parece muito nebuloso ainda.
Mas o Deus que não se esquece nem dos pardais, o Deus que sabe até quantos fios de cabelo tem em sua cabeça, certamente não esquecerá de você. (Lc. 12:6-7)

A Deus toda a Glória

Carlos R. Silva
outono 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Não te esmagará nem te apagará

Não discutirá nem gritará; ninguém ouvirá sua voz nas ruas.
Não esmagará a cana quebrada, não apagará o pavio fumegante, ...”


Talvez o que mais atrai em Jesus é que ele não se impõe pela força. Não. Ele não empurra um conjunto de dogmas, preceitos e regulamentos guela abaixo.Em Jesus há uma maravilhosa e surpreendente forma de agir, que, muitas vezes, parte do inesperado e chega a atitudes inéditas para os do seu tempo. Especialmente aos apegados à religiosidade dominante.
O mesmo Jesus que dá ordens ao mar e aos ventos apresenta-se ternamente com a proposta de não se tornar um fardo pesado nem sobrecarregar com ensinamentos maçantes:
- Vinde a mim, os cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.
- Tomem para vocês o meu jugo, ou seja, meus mandamentos, e aprendam de mim que sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso.

O mesmo Jesus que num momento contraria a lei, se bem que por um fim nobre, ao curar num sábado, sai, evita a discussão, não defende seus pontos de vista, para que se cumprisse o que fora dito sobre ele, sobre sua missão há 750 antes.
A profecia de Isaías, citada por Mateus, é oportuna para os nossos dias tão desgastantes, onde vivemos o massacre do urgente, a exigência do excelente, o engodo do moderno e a fé leviana e oportunista. Tudo o que nos consome, desgasta, fere e desanima.
- Não discutirá nem gritará; ninguém ouvirá sua voz nas ruas.

O coração do que resolver aceita-lo não será tomado à força. Sua voz é suave e doce. Ele pede, não ordena.
- Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.
Sem gritos, palavras de ordem, coisa calculada, artimanhas, nada!

Aos feridos pelas pressões da vida, dos amigos, da família ou da religiosidade ele afirma:
- Não esmagará a cana quebrada ...
O pequeno caniço, espécie de junco, quebra-se facilmente e para nada mais serve. Então é amassado e jogado ao rio.
Não com Jesus! A cana quebrada é por ele restaurada, tratada, transforma-se em instrumento de música para produzir louvor e adoração ao criador.
Há riso, alegria e música feliz na casa, na vida por ele tratada.

E para o que já não tem mais vigor, onde só resta um fio de esperança, onde só se produz fumaça e nenhuma luz ele promete:
- Não apagará o pavio que fumega, ...
Isso dá um novo alento, tão diferente das demais propostas que se ouvem por aí.

A situação pela qual você passa não é o fim, a última página da sua vida não foi escrita ainda, a noite em sua vida está para acabar, nenhum sofrimento vai durar eternamente.

Só o evangelho tem essa proposta. Só Jesus pode prometer essas coisas, pois somente ele, sendo Deus, tornou-se homem, um de nós, habitou aqui, experimentou sofrimento e desprezo, entregou a própria vida, mas, num diferencial que nenhum outro apresenta, ressuscitou e voltou ao céu prometendo que voltaria para nos levar para lá também.

A ressurreição é pura dinamite. Sem ela tudo o que ele fez e a forma com ele se doou não fariam sentido. Talvez ficasse esquecido no tempo. Mas, sobre isso falaremos outro dia.


A Deus toda a glória.

Carlos R. Silva
outono 2014

Referências:
·         Bíblia Sagrada
o   Mateus 8:26-27, 11:28-30, 12:18-21
o   Apocalipse 3:20

sexta-feira, 21 de março de 2014

Esquecendo do que para trás fica

“E quando perguntarem do seu passado, simplesmente responda: Eu não vivo mais lá.”
[Tati Bernardi]

"Esqueçam o que se foi; não vivam no passado.
Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo.
Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro."
[Deus - Isaías 43:18,19,25]

Por quê carregar fardos tão pesados!
Se nem Deus faz menção, nem tem na memória o passado que nos condenava.

É claro que estes textos são uma abstração do proclamado pelo profeta Isaías à Israel. Na ocasião, Deus tenta atraí-los de todas as formas e chega a convidá-los a arrazoar, a defender-se:
"Relembre o passado para mim, vamos discutir a sua causa; apresente o caso para provar sua inocência."
Isaías 43:26

Mas lanço mão das afirmações de Deus sobre ele mesmo:
"... apago as tuas transgressões por amor de mim..."
Hum... Por amor dele. Nem Deus convive lembrando-se dos pecados cometidos contra ele, nem ele suporta viver com isso.

Sem dúvida isso traz uma nova visão, gera alento e esperança.
É possível viver sem culpa, sem se torturar e acreditar:
Só o evangelho tem a fórmula para regenerar, regerar, recriar, criar novas criaturas.
É assim para todo o que está em Cristo.

A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
verão 2014

Referências:
Bíblia Sagrada
  Isaías 43:18-19,25-26
  2 Coríntios 5:17


No limite

Responder às pressões do dia-a-dia não é fácil. Somos impelidos a sermos os primeiros, os melhores, a conquistar e vencer.
Não há lugar para o segundo ou terceiro colocados!
Quem sabe, esteja aí, a causa de tanto desânimo, depressão e desencanto.

Dr. S. I. Mcmillen, em seu livro Nenhuma Enfermidade, aponta:

A próxima vez que você se sentir cansado de um modo indevido, porque a corrida da vida foi especialmente dura e agitada, para analisar os acontecimentos, é bom você parar e ver algumas horas anteriores.

99% das vezes que você estiver cansado descobrirá que alguém recentemente esvaziou seu ego.

Não sofremos de agitação, nós não sofremos de stress ou de fadiga mental, ou de enfermidade debilitadora por causa do trabalho.

Trabalho não cansa ninguém, mas nós nos cansamos porque, consciente ou inconscientemente, estamos tentando provar a nós mesmos e aos nossos amigos que as nossas ideias são as melhores, que a nossa doutrina é a mais correta, que a nossa igreja é a melhor, que a nossa cidade é a mais rica, que a nossa ideologia política pode salvar o mundo e que o nosso time vai ganhar o campeonato de futebol no fim do ano.
O nosso, o nosso, o nosso!

Nós discutimos até ficar azul de defender o meu, o eu, o que sou o que tenho.

É oportuno citar o apóstolo Tiago:
“... Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se”

É claro, não é fácil.

A Deus toda a glória!

Carlos R. Silva
verão 2014


Referências:
Bíblia Sagrada - Tiago 1:19
McMillen, S. I. – Nenhuma Enfermidade